Stress nos animais de companhia.
O stress pode ter uma função adaptativa mas, em situações crónicas, pode causar complicações no comportamento ou físicas.
Na rádio Vagos FM com a Veterinária Dra. Ana Neves
Fonte: Vagos FM
Rúbrica com a Dra. Ana Neves
Olá a todos!
O meu nome é Ana Neves e sou médica veterinária na ClinicZoo – Clínica Veterinária de Vagos. Sejam bem-vindos a mais uma rubrica “Minutos Vet”. Esta semana vou falar sobre o stress nos animais de companhia.
Os mecanismos que regulam o stress nos nossos animais de companhia são idênticos aos mecanismos que regulam no ser humano. O stress pode ter uma função adaptativa em que, perante um determinado estímulo ou ameaça, uma série de reações orgânicas, nomeadamente a nível neurológico e endócrino, são desencadeadas e permitem que o organismo responda.
Esse tipo de ameaça pode ser crónico, persistente e sem controlo nos animais e no ser humano e, a partir daí, ter complicações muito mais graves, como o aparecimento de doenças comportamentais e não comportamentais, como, por exemplo, a obstrução urinária nos gatos. Os estímulos que causam stress nos animais de companhia devem ser encarados na perspetiva do cão e do gato e não na nossa perspetiva humana. Enquanto para o ser humano o abraço pode ser um gesto afetuoso e que cria proximidade, no caso dos animais domésticos, o abraço pode ficar a olhar e não é encarado da mesma forma. Eles não gostam deste tipo de abordagem porque, quando isso acontece na natureza ou com outros animais da mesma espécie, pode ser o início de um conflito e pode não ser bem recebido.
Tanto para o cão como para o gato, os estímulos que desencadeiam o stress são de várias naturezas. Podem ser estímulos internos do animal, como as doenças que causam dor ou desconforto, como inflamações, neoplasias, etc., como também estímulos associados ao ser humano, como pessoas ou certos tipos de pessoas. Podem ser outros animais, quer sejam da mesma espécie ou não, ou até mesmo objetos, como bicicletas, carros, foguetes e trovoadas, chapéus de chuva. Os sinais de stress são muitas vezes difíceis de identificar. Outras vezes são mais fáceis de identificar e dependem de uma série de fatores, como o temperamento do animal, o contexto, o tipo de ameaça, etc.
No stress agudo, vamos encontrar sinais que, talvez, sejam mais familiares, como o arfar, o salivar, o tremer e cães que ficam mais assustados, mais trêmulos, defecam e urinam. Os cães e gatos dão-nos sinais que procuram aumentar o distanciamento da ameaça, como, por exemplo, virar a cara para o lado ou criar mesmo distância física, aumentar a distância física ou ladrar.
Há outros sinais que procuram diminuir precisamente essa distância, como, por exemplo, chorar ou arranhar as portas no caso de um cão que esteja no exterior e queira entrar numa divisão. Por outro lado, há sinais que procuram que nós lhes demos, e que são sinais que procuram controlar a ameaça. E aqui está o exemplo de correr, por exemplo, atrás de bicicletas ou carros. Quem nunca viu um cão na rua a correr atrás de um carro? É uma tentativa de controlar aquela ameaça, portanto, eles aproximam-se. Quando ficam a olhar, muitas vezes isso pode ser um sinal de stress. Depois, há outros sinais que são sinais de calma, em que eles exibem comportamentos que parecem deslocados daquela situação, como, por exemplo, bocejar, coçar ou começar a fazer grooming no caso dos gatos, num contexto em que não era suposto o animal fazer.
Por esta semana é tudo, obrigado e até para a semana.
Palavras Chave
Stress
Animais de companhia
Comportamentos